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A Jornada de Clara: E Quando a Comida Vira Refúgio? Enfrentando a Compulsão Alimentar.


Mulher comendo pizza
Clara sempre teve uma relação complicada com a comida. Desde pequena, cresceu em um ambiente onde as emoções não podiam ser expressas livremente. Ela aprendeu a associar a comida ao conforto e à regulação emocional. Quando estava triste, ansiosa ou entediada, recorria a alimentos doces e gordurosos, buscando uma sensação momentânea de alívio.

Aos poucos, Clara começou a perceber que seus episódios de compulsão alimentar não eram apenas um problema de falta de força de vontade. Era algo mais complexo. Em seus piores momentos, ela se via devorando grandes quantidades de comida em menos de duas horas, sem conseguir parar. Isso acontecia pelo menos uma vez por semana, e o ciclo se repetia há meses.

Um dia, Clara decidiu buscar ajuda profissional. Foi aí que ela conheceu a Dra. Sofia, uma psicóloga especializada em transtornos alimentares. Durante as sessões, Dra. Sofia explicou que o Transtorno de Compulsão Alimentar (TCA) é multicausal e que envolve aspectos neurobiológicos e psicosociais.

Clara aprendeu que sua busca desenfreada por alimentos doces estava ligada a uma descarga de dopamina em seu cérebro, uma resposta ao comportamento de recompensa. O estresse aumentava seus níveis de cortisol, intensificando sua busca por prazer imediato, seja comendo, comprando ou jogando. A genética também tinha um papel, predispondo-a a um cérebro mais propenso a buscar recompensas.
Dra. Sofia explicou que o problema não era exatamente um vício em comida, mas sim no comportamento de recompensa que os alimentos ricos em açúcar e gordura proporcionavam. Além disso, dietas restritivas só pioravam a situação, reduzindo a dopamina e afetando sua motivação e bem-estar.

Com o tempo, Clara começou a reconhecer os padrões alimentares compulsivos em sua vida. Ela entendeu que não se tratava apenas de comer demais, mas de usar a comida como uma forma de lidar com suas emoções. Ela também identificou desencadeadores comuns, como tristeza, raiva e tédio, que a levavam a comer compulsivamente.

A chave para a mudança estava na regulação emocional. Dra. Sofia ensinou Clara a praticar o mindful eating, ou comer consciente. Essa prática a ajudava a autoacalmar e a aceitar suas emoções sem recorrer à comida. Clara também começou a acumular emoções positivas e a se envolver em atividades significativas, reduzindo sua vulnerabilidade aos episódios de compulsão.

Ao longo de sua jornada, Clara aprendeu a valorizar a si mesma além de seu peso e aparência. Ela questionou a hipervalorização do corpo e refletiu sobre a verdadeira importância da autoestima e das relações pessoais. Adotou uma postura não julgadora em relação às suas emoções e permaneceu fiel aos seus valores e objetivos, mesmo diante das dificuldades.

Clara compreendeu que a autoaceitação e o compromisso com o que é importante são fundamentais. Ela aprendeu a ser gentil consigo mesma, aceitando suas emoções como fenômenos naturais, sem se desviar dos seus valores pessoais.
A jornada de Clara é um exemplo poderoso de como a compreensão e a aceitação podem transformar vidas. Ao enfrentar a compulsão alimentar e desenvolver uma relação mais saudável com a comida e com suas emoções, ela encontrou um caminho para o bem-estar e a autoaceitação.
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